A cantora Paula Esteves, sobrinha neta de Pixinguinha, abrilhanta as rodas de samba cariocas e leva adiante a história de seu tio avô, um gênio da música brasileira
Paula Esteves é a típica garota carioca, swing, sangue bom, retratada no refrão de um dos sucessos da cantora Fernanda Abreu. Com uma energia invejável, e inesgotável, Paula, que é sobrinha neta de Pixinguinha, traz o samba nas veias desde a infância. “Eu conheci o samba ainda criança, minha família toda sempre gostou.”
A menina cresceu ouvindo grandes nomes da MPB. “A gente escutava todo mundo: Paulinho da Viola, Clara Nunes, João Nogueira, Zeca Pagodinho, Alcione. Eu me lembro de escutar samba o dia inteiro. Essas pessoas acabaram me influenciando porque quanto mais eu escutava, mais a música entrava em mim”.
Paula lembra de um episódio marcante de sua infância com a saudosa Clara Nunes. “O meu tio Renê, já falecido, me levou ao sambódromo e conseguiu que a gente descesse, com crachá. Única vez que aconteceu isso na minha vida”, conta aos risos.
“Eu tinha 10 anos de idade. Estava lá e apareceu a Clara Nunes. Eu fiquei muito emocionada. Pedi a ela um abraço e ela com que aquele jeito, me abraçou… foi um ano antes dela morrer. São coisas que ficam com a gente”.
Perguntada sobre seus ídolos e inspirações na carreira, ela surpreende. “Quando me perguntam sobre isso, todo mundo pensa que vou citar pessoas muito famosas. Mas vou construindo meus ídolos em quem está ao meu lado, pessoas que são muito boas, que não ‘estouraram’, não estão na mídia, mas que eu tenho o prazer de estar com muitos deles”, conta a cantora se referindo ao projeto “Aos Novos Compositores”, do qual faz parte.
O começo da carreira
Paula Esteves sempre quis ser cantora, mas foi só há 3 anos que deu um passo adiante para a realização de seu sonho. “Comecei fazendo coro para um grupo de um amigo. O produtor deles era o Márcio Alexandre, do grupo Fundo de Quintal. Ele me viu e me chamou para conversar”, conta Paula, que é engenheira química, por formação. “Ele me chamou pra gravar e eu fiquei com um pouco de dúvida, porque estava desempregada há mais ou menos um mês. Mas, eu sempre quis ser cantora, sempre foi meu sonho. Essa conversa com ele reativou a vontade e acabei aceitando o convite”.
Paula seguiu as sugestões do produtor e passou a trabalhar no processo de gravação do seu primeiro EP ‘Vou Invadir Sua Emoção’. “O Márcio me disse que tem bastante gente que está há muito tempo na estrada, mas sem um trabalho pronto. Então, começamos ao contrário, escolhemos as músicas e fizemos um EP com 5 faixas, do qual tenho muito orgulho. Só não tenho mais, porque na época eu não era compositora ainda. Acho que podia ter uma música minha. Hoje eu tenho várias músicas”.
Tio Pixinguinha
Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, era um artista completo: maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores compositores da MPB, e um dos mais importantes nomes do choro, Pixinguinha nasceu no dia de São Jorge Guerreiro, 23 de abril de 1897. Aos 11 anos, já tocava cavaquinho.
Faleceu em 1973, dentro da Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando se preparava para participar de uma cerimônia de batizado. Em 2000, o dia que seria do seu aniversário, passa a ser comemorado o Dia do Choro.
Paula não conviveu com o tio, era muito pequena quando ele faleceu, mas cresceu ouvindo as histórias de família e sobre o legado deixado por ele. “Eu entendi que o Tio Pixinguinha foi o grande arranjador das bases da Música Popular Brasileira que temos hoje. Teve uma época que sofremos muita influência da música de fora, a gente não tinha uma coisa nossa. E o choro passou a ser uma coisa nossa”.
Como não podia deixar de ser, a cantora presta uma homenagem ao tio em seu EP. “Eu gravei Som de Prata, que é uma música que o Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro fizeram pro Tio Pixinguinha, em 2003. Gravei com a participação do Moacyr Luz, que é um querido.”
Paula enfatiza o orgulho que sente em fazer parte da família, daquele que, para os amantes do samba e choro, foi um gênio. “Tio Pixinguinha, naquela época, um homem negro, fez o que fez, mudou o que tinha que ser mudado, sofrendo os preconceitos que ele sofreu, deixou a contribuição dele. Não podemos deixar que esqueçam essa história.”
Em tempos de quarentena
Paula Esteves, assim como os demais artistas, estão impossibilitados de fazerem shows presenciais, por conta da quarentena e do isolamento social. Desde março deste ano, todos os eventos públicos e culturais foram suspensos, numa tentativa de evitar a aglomeração do público e, assim, combater o avanço do novo Coronavírus.
A cantora, que tem uma roda de samba, no Rio de Janeiro, chamada “Roda Carinhosa”, tem feito transmissões, ao vivo, através de seus canais nas redes sociais. Mas, já avisa que, acabando a quarentena, voltará com seus shows, para alegria dos fãs.
Nome: Paula Esteves
Apelido: Paulinha
Idade: 47 anos Signo: Libra
Estado Civil: “Enrolada”
Escola de Samba do coração: Portela
Bebida preferida: Gin com Red Bull Tropical
Comida preferida: Churrasco Perfume: CK One, da Calvin Klein
Música: Rosa, de Pixinguinha
Viagem Inesquecível: Paris Sonho: Viver de música