Há cinco anos na gestão da escola, ele é ‘mão na massa’, já produziu fantasias e trabalha intensamente, a cada carnaval, para oferecer o melhor desfile para todos
Ele desfilou na ala das crianças, já foi ritmista, mestre-sala mirim, harmonia e, hoje, está à frente da Colorado do Brás, escola fundada em 1975. Antônio Carlos Borges, o Ká, na presidência da agremiação, desde 2015, tem muita vontade de ver a escola entre as cinco e por isso não mede esforços, quando o assunto é ‘colocar a mão na massa’. Muito atuante e participativo, ele faz questão de acompanhar tudo de perto.
A relação de Ká com a escola vem desde a infância, quando tinha seis anos de idade. Ele não é do bairro do Parí, mas se mudou para lá bem pequeno e, desde então, a Colorado do Brás está em sua vida e, como ele mesmo disse, “passei por praticamente todos os departamentos e nunca mais parei!”. A família também foi presente na agremiação, na época da fundação. Sua mãe foi da ala das baianas e uma tia, primeira porta-bandeira da escola.
O presidente concilia as atividades da escola com seu trabalho noturno. segundo ele, a rotina não é conflitante ou prejudicial em momento algum. “Eu trabalho durante a madrugada e, quando saio, no período da manhã, fico à disposição da escola. Depois, um mês antes do desfile, período de correria intensa para colocarmos o carnaval na avenida, eu saio de férias”, conta.
Desde sua chegada à presidência, ele destaca o carnaval de 2018, que levou para a avenida o enredo Axé! Caminhos que levam à fé. Durante os preparativos, Ká fez questão cuidar pessoalmente de cada detalhe.
“Naquele ano, nós tratamos de um tema muito forte e que envolvia religião. Quando é assim, nós temos que desenvolver tudo com respeito, além de saber fazer a abordagem de forma correta. Eu fui até o Rio de Janeiro para comprar fantasias. Este foi um carnaval marcante para mim, porque nos levou para o Grupo Especial”, lembra.
Depois de 25 anos na luta para desfilar juntamente com as demais escolas do Grupo Especial, as responsabilidades e o trabalho aumentaram para que a Colorado do Brás pudesse se manter e também oferecer apresentações de qualidade e no mesmo patamar das demais. Em 2019, o grande desafio foi abrir o carnaval daquele ano, sendo a primeira escola a desfilar, na sexta-feira, o que fez com o enredo escolhido fosse algo mais leve e lúdico. Hakuna Matata – Isso é Viver, levou para a passarela, uma escola alegre e muito colorida na homenagem ao Quênia.
Desafios
Mesmo estando no ‘grupo de elite do carnaval’, Ká sabe que a Colorado do Brás tem alguns desafios e necessidades para estar no páreo juntamente com as demais e por isso está sempre trabalhando com seus parceiros de cada setor e também com a comunidade, para que os objetivos sejam alcançados. “As dificuldades são inúmeras e, a principal delas é a falta de estrutura para competirmos de igual para igual com as demais escolas. Hoje não temos quadra nem um barracão adequado para o Grupo Especial, mas mesmo assim trabalhamos com muita dedicação”, pontua.
Com mais componentes e diretoria maior, desde que garantiu o lugar no Grupo, a Colorado do Brás é a única do Grupo Especial, que não tem uma quadra. Os ensaios ocorrem na rua Itaqui, próximo a sede, aos domingos à tarde, quando também é realizada a apresentação chamada de Pagode dos Amigos do Presidente’, uma espécie de aquecimento para os componentes e comunidade em geral, que tem início às 16h30. Ká é quem comanda a pagodeira, sempre com convidados especiais para levar alegria para todos que ali estão, até o início dos ensaios, religiosamente às 18h.
O período de isolamento social tem sido muito desafiador. “Estamos vivendo este cenário com muitas dificuldades, pois temos que arcar com aluguel do nosso espaço, os funcionários fixos e as contas para pagar. Estamos sobrevivendo para mantermos a nossa agremiação acesa”, ressalta.
Enredo forte em 2021
Segundo Ká, os trabalhos estão intensos para o próximo carnaval, mesmo com todas as incertezas sobre a realização do mesmo. A agremiação está cumprindo a agenda normalmente, porém sem os encontros presenciais. Com enredo já definido e assinado por André Machado, o carnavalesco contratado este ano, a escola irá levar para a avenida, Carolina Maria de Jesus com Carolina, a Cinderela Negra do Canindé.
Segundo o presidente, o tema já era vontade da escola há alguns anos.
“Já havíamos cogitado levar o tema para a avenida, porém em reunião com a diretoria foi decidido que aquele não era o momento. Com a chegada do André, nós falamos sobre o tema, em nossa primeira conversa e ele nos disse que tinha muita vontade de desenvolver esse projeto”, explica. O carnavalesco já iniciou o processo de explanação para que os compositores trabalhem o desenvolvimento do samba-enredo e também está desenhando os pilotos das fantasias.
As expectativas para o próximo carnaval são as melhores e Ká espera que todos cumpram as regras de isolamento, assim como tomem cuidados redobrados, neste cenário de COVID-19 e pandemia que vivemos. “Espero que todos se cuidem e que tudo isso passe o mais rápido possível para que possamos fazer o que mais gostamos que é carnaval”.