Presidente Renato Remondini, o Tomate, reforça o respeito à comunidade e destaca a solidariedade na Dragões da Real

Com enredo “O Dia em que a Terra Parou”, a escola mantém agenda de atividades para 2021, realiza eventos virtuais, sistema drive-thru para a tradicional feijoada mensal e distribui refeições aos que estão em vulnerabilidade na quarentena

Fundada por membros da torcida organizada do São Paulo Futebol Clube, a Dragões
da Real completou 20 anos, em março deste ano e, desde então, só soma destaques
em sua história. Em 2011, foi campeã do Acesso com “A Felicidade se Conta em Contos”,
enredo assinado pelo carnavalesco Eduardo Caetano. No ano seguinte, conquistou vaga
no Grupo Especial, onde, em 2017 e 2019, atingiu o vice-campeonato com os desfiles
“Dragões Canta Asa Branca” (assinado por Dione Leite, Jorge Silveira, Márcio Gonçalves
e Rogério Félix) e “A Invenção do Tempo. Uma Odisseia em 65 Minutos” defendido por
Mauro Quintaes, respectivamente.

Na presidência, desde 2011, Renato Remondini Rodrigues, o Tomate, é um dos fundadores da agremiação, que juntamente com alguns torcedores do time tricolor desfilou na Unidos do Peruche, entre 2002 e 2003. Presente e próximo de sua comunidade, ele faz questão de receber bem e tratar da melhor forma, quem escolhe o seu pavilhão para defender.

“Eu costumo dizer que o maior patrocinador de uma escola de samba é sua comunidade feliz e apaixonada. Pode ter dinheiro, mas se houver uma oposição no ambiente, as pessoas simplesmente vão para outro endereço onde serão bem tratadas. Dentro na nossa quadra, não existe distinção de nada o que interessa pra gente é que todos estejam felizes e, graças à Deus, a comunidade é sempre presente e participante. Pra você ter uma ideia, as fantasias acabam três meses antes do carnaval, mesmo sem gratuidade”, conta.

A família é muito valorizada na escola Dragões da Real. O exemplo começa com a participação dos filhos, esposa, mãe e irmão, em setores e, também, no dia a dia da agremiação. Outro ponto alto é o aspecto físico e o ambiente da quadra. Tudo é impecável para que comunidade ou visitantes se sintam bem. “Valorizamos um banheiro limpo, o vallet na porta, equipe de segurança com pessoas educadas, atendimento de bar primoroso, camarote confortável, entre outros aspectos relacionados ao bem-estar. As crianças também são muito presentes e é impressionante a quantidade dos pequenos durante ensaios ou eventos. Nós dispomos, inclusive, de um espaço kids dedicado a eles”, destaca o presidente. 

COVID-19, Quarentena e Solidariedade

Diante do cenário atual com isolamento social, que foi instituído no mês seguinte ao carnaval, a Dragões da Real tem trabalhado intensamente na preparação para o próximo ano e também em atividades diversas, para que seus componentes, que estão em casa, não percam a disposição e se sintam, sempre, próximos dos demais da agremiação. “Estamos vivendo dias muito difíceis e de total incerteza. Já temos a convicção de que todos os eventos que com aglomeração de pessoas, ainda não são possíveis. Então, nós temos criado algumas formas de manter nossa comunidade sempre próxima para não perdermos nosso bem maior”, comenta Tomate.

Entre as ações desenvolvidas para que a comunidade pudesse acompanhar via internet, a realização de dois ensaios virtuais e, para o próximo dia 30, já tem uma live programada com transmissão diretamente da quadra, na Zona Oeste de São Paulo, que contará com a participação do intérprete René Sobral e poucos ritmistas, respeitando as normas oficiais de distanciamento. 

Neste mesmo dia, a famosa feijoada mensal da escola será realizada no sistema drive-thru ou sistema de delivery com taxa de entrega. “Estão todos ansiosos. Já não pudemos comemorar o aniversário da escola, que seria durante um dia de feijoada. Então esta foi a forma de mantermos o contato com todos levando um pouco de alegria, juntamente com suas famílias”, pontua.

Além dos eventos que já fazem parte do calendário oficial da Dragões da Real, algumas ações sociais pontuais têm movimentado ainda mais, o departamento social. Desde as primeiras semanas da quarentena, campanhas de arrecadação de alimentos e distribuição de marmitex ocorrem frequentemente. Tomate acredita que, certamente, alguns comportamentos irão mudar, depois de toda essa situação: “As pessoas vão se atentar mais ao lado social. Claro que o mundo não deixará de ser capitalista, mas vai melhorar de alguma forma. Por exemplo, nós não fazíamos entregas de marmitas para as pessoas que estão em vulnerabilidade ao nosso entorno. Nós temos essa rotina, duas vezes por semana, quando entregamos 150 unidades. Hoje, nossas ações sociais estão ainda mais fortes e já avisei que, mesmo com o fim da pandemia, nós daremos continuidade ao projeto, que já soma 3 mil refeições doadas”. No mês de abril, quando anunciaram a campanha, 17 toneladas de alimentos foram arrecadadas. 

Carnaval 2021: expectativas e enredo

Tomate também tem a convicção de que para o carnaval, o próximo ano ainda é uma incerteza. Porém, os trabalhos estão em andamento. São muitas reuniões e tomadas de decisões em conferências online. “O carnaval 2021, se houver, certamente não será mais no formato de sempre, tanto em questões financeiras como em tempo de preparação, ensaios etc. Vamos ter que nos adaptar a algumas novas formas e realidades para em 2022 voltarmos todos com força total trabalhando na ‘normalidade’, do que seriam os preparativos dentro de um tempo que já estávamos adaptados”.

O enredo 2021 já foi definido e tem ligação com cenário atual: “O Dia em que a Terra Parou”. O projeto será assinado por Jorge Silveira, que retorna para a agremiação, depois de contribuir nos projetos de 2015, 2016 e 2017 (quando a escola foi vice-campeã). Já havia outro tema, mas durante uma discussão sobre o que levar para a disputa, no próximo desfile, Marcio Santana, diretor de carnaval da escola, que perdeu a mãe (vítima de COVID-19), comentou que aquele momento foi o dia em que a Terra parou pra ele.  

“Nossa ideia não é falar da parte ruim deste momento, mas que o ser humano pode tirar uma lição de tudo isso. Questionar, por exemplo, ‘o que estamos fazendo conosco? ’ A experiência com o isolamento social, o ser humano refém das suas próprias atitudes. Queremos mostrar que nesse momento de reclusão, devem buscar forças, ser mais solidário, estreitar os laços familiares. O mundo não vai ser mais o mesmo. Pena que nem todo mundo vai aprender algo ou enxergar de forma diferente, mas precisamos valorizar a humanidade, a solidariedade e tiramos uma lição de tudo isso”, pontua. 

“Estamos em ritmo intenso para o próximo carnaval, independente da data que ocorra e a vontade de retomar as atividades com a comunidade não falta. “Se eu anunciasse hoje que retomaríamos os ensaios na quadra, eu teria mais de 5mil pessoas hoje lá. Então, eu sinto que a força do nosso povo será fantástica na nossa volta. Eu tenho certeza de que eles não vêm a hora de voltar para a Caverna do Dragão!”, conclui. 

Mônica Silva

Paulistana, da Freguesia do Ó. Jornalista, assessora de imprensa, especialista em produção editorial para publicações em segmentos diversos. Sempre teve Rosas de Ouro como primeira referência de carnaval. Já desfilou pelo Império de Casa Verde e também frequenta ensaios nas quadras das principais agremiações da zona norte.

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